domingo, 24 de maio de 2009

Abertura do Gestar II em Miraí

Aconteceu no dia 05 de maio de 2009, em um salão de festas da cidade, a abertura do Programa Gestão da Aprendizagem Escolar para professores de Língua Portuguesa das séries finais do Ensino Fundamental.
O grandioso evento, organizado pela Secretaria Municipal de Educação, contou com a presença do prefeito Sérgio Luiz Resende, do vice-prefeito Jaime Vargas, da Secretária de Educação Maria do Carmo Trota, da Coordenadora Pedagógica Maria do Carmo Mendes, dos professores cursistas das redes municipais de Miraí, Santana de Cataguases e São Sebastião da Vargem Alegre e demais convidados.
No início da apresentação do projeto houve uma belíssima dança apresentada pelos alunos da Escola Municipal Dr Justino Pereira. Todos os presentes ficaram impressionados com a coreografia. Sucesso total!!!

A funcionalidade do Gestar II foi exposta através de slides, tornando assim, a explicação dinâmica e interessante. Também foram distribuídos os materiais didáticos que se farão necessários para os estudos individuais e coletivos. Tendo como objetivo principal possibilitar ao professor de Língua Portuguesa um trabalho que propicie aos alunos o desenvolvimento de habilidades de compreensão, interpretação e produção dos mais diferentes textos.


Na oportunidade a Secretária de Educação, Maria do Carmo Trota, desejou sucesso a todos os professores envolvidos nesse trabalho e, ressaltou que ficou encantada com tamanha animação dos professores que aceitaram de braços abertos o projeto.

"Concordo em gênero, número e grau. Estamos cheios de expectativas, vamos trabalhar com dedicação e esforço para que o Gestar II em Miraí e demais cidades participantes seja um estrondo."

Resenha sobre o filme: Narradores de Javé

Um filme sobre Memória, História e Exclusão.

Desespero, Sofrimento e Luta: palavras dramáticas recheadas de sutileza, ironia e momentos tragicômicos que desenham em uma "tela" a realidade brasileira em um único cenário: o Sertão Nordestino.
O filme, de Eliane Caffé, retrata a história de um povoado do Vale de Javé, situado no sertão baiano, que está prestes a ser inundado para a construção de uma enorme usina hidrelétrica. Diante dessa situação terrível, a comunidade se reúne para discutir diversas formas de como resolver o problema. De acordo com os moradores o ideal seria preparar um documento oficial, contando todos os grandes acontecimentos heroicos de sua história, justificando sua preservação, ou seja, o importante é provar para "todos" que o local abriga um patrimônio que não pode ser perdido e, por causa disso, decidem escrever os feitos da história de Javé, na esperança de impedir o tal desastre.
Mas na vila só tem analfabetos, a primeira tarefa seria encontrar alguém que consiga retratar os acontecimentos. O principal candidato a realizar essa missão era o antigo responsável pela Agência de Correios do povoado – o famoso e odiado Antônio Biá , o único do vilarejo que sabe escrever. Ironicamente, ele havia sido expulso da cidade por inventar fofocas escritas sobre os moradores, isto é, forjava cartas falando mal dos vizinhos, só para aumentar a circulação das mesmas, que eram escassas no povoado e, consequentemente, manter em funcionamento a Agência de Correios onde trabalha. Porém, muito a contragosto, é escolhido para escrever o tal livro "científico", ou melhor, o da "salvação", como os moradores dizem. Escrever a história de Javé e salvá-la do afogamento é a sua oportunidade de se redimir diante da população.
Mas para isso, precisa colocar por escrito os fatos que só são contados de boca a boca, de pai para filho. Começa então, uma tragicomédia com pitadas de épico e infinitas margens de reflexão. Surge, desde então, uma problemática disputa entre a história oficial e a história oral, incluindo, desta forma, a presença da oralidade e escrita no filme, assim como as tradições e culturas.
Neste caminho, o escriba Antônio Biá, vai conhecendo a fundo as fantasias, as memórias e as lembranças do povo de Javé. Mas a escrita destas histórias, tão diferentes uma das outras, não estava fácil, pois as mesmas eram contadas em diferentes versões, variando de narrador a narrador. Surge então, uma pluralidade de fatos fantásticos e lendários. Por causa disso o escriba se vê entre essa impossibilidade de colocar no papel os relatos grandiosos dos moradores e, futuramente, o progresso destruidor e irremediável estava próximo de se concretizar.
Nas várias versões os heróis são alterados conforme os narradores / moradores, como se os mesmos contadores fossem os próprios heróis / fundadores de Javé. Uma multiplicidade de fatos incompatíveis que deixou o ex-carteiro confuso, intacto diante de tantas histórias épicas e, consequentemente, sem reação suficiente para produzir o livro salvador.
Diante dos relatos surreais e a necessidade de produzir algo convincente para salvar Javé da inundação, o letrado entrega um livro em branco para a população. Cobrado e acuado por todos no meio da rua, o mesmo sai aos berros andando de costas, um ato de muita coragem, dá a entender que seria um recuo e não uma fuga.
Além disso, é importante ressaltar que a história que não é escrita por Biá é narrado por Zaqueu, um homem que viveu boa parte de sua vida longe do Vale, pois ele era o único responsável por buscar mantimentos para a população. Portanto, isso pode nos indicar que sua versão também seria o fruto de uma série de outras versões.
Enfim, foi um trabalho em vão, o sertão acabou sendo destruído pela modernidade, pela hidrelétrica. A população assistiu aos prantos a transformação do sertão em mar e, com isso, junto com a destruição foi-se embora a memória, a cultura, o local e os antepassados. Uma triste história de um povo sem cultura perante a escrita, mas de uma imaginação fértil capaz de superar todos os obstáculos e dar a volta por cima para construir em conjunto a própria história que desapareceu como palavras ao vento.
O filme tem como tema principal a narração, tendo como alicerce as pluralidades orais das personagens. Mostra um Brasil de todos os brasileiros, dando voz as etnias, religiões e classes excluídas... e que todos nós somos narradores de uma história sem fim...